quinta-feira, julho 28, 2005

sexta-feira, julho 15, 2005

A "Arca de Noé"

Durante os ultimos anos foram entrando na "Arca" catrefada de bicharada que passo a enumerar:
gato, cão, sapos-bébés, tritões-bébés, cobra-bébé, salamandra, osgas, escorpião (vulgo lacrau), centopeia, borboleta diurna, borboletas nocturnas, traças, besouros (várias espécies), caruncho (bicho da madeira), aranhas (centenas delas), rato, libelinha, melgas (dezenas delas), formigas (milhares delas), e o ultimo mas não menos surpreendente... morcego.
E depois perguntam-me se não tenho medo de viver sozinha!!! Que ideia! :)

terça-feira, julho 12, 2005

*

de uma pequena historia fiz duas
uma para ti, que sorrias
e outra para ela, que cantava
na vida temos dias...








Ilustração de Elena Odriozola

segunda-feira, julho 11, 2005

o que é a história?


A história é um anjo a ser soprado para trás, para o futuro e há um monte de ruínas aos seus pés. E o anjo quer voltar atrás para compor coisas, para reparar as coisas partidas. Mas há uma tempestade que sopra do paraíso e a tempestade continua a soprar o anjo para trás em direcção ao futuro. Esta tempestade chama-se progresso.

(Alegoria de Walter Benjamim sobre Angelus Novus - Paul Klee)

terça-feira, julho 05, 2005

Capuchinho vermelho dos tempos modernos - para a Anabela

A pestana do lobo



Se não fores ao bosque nunca acontecerá nada e a tua vida jamais começará


- Não vás ao bosque, não vás – disseram eles.
- Porque não? Porque não posso ir ao bosque esta noite? – perguntou ela.
- No bosque vive um lobo enorme que come pessoas como tu. Não vás ao bosque, não vás ao bosque por nada.
Mas, naturalmente, ela foi ao bosque e como era de esperar, encontrou o Lobo, tal como eles lhe tinham advertido.
- Vês? Já te tínhamos avisado – grasnaram.
- Esta é a minha vida, não é um conto de fadas, tontos – replicou ela. - Tenho de ir ao bosque e encontrar-me com o lobo senão a minha vida jamais poderá começar.
Mas o lobo que ela encontrou tinha caído numa armadilha, e tinha a pata presa.
- Socorro, ajuda! Ai, ai, ai! – gritava o lobo. – Socorro ajuda-me e dar-te-ei a justa recompensa! – acrescentou.
- E como sei que não me vais fazer mal? – perguntou-lhe ela, porque a sua missão era fazer perguntas. – Como sei eu que não me matarás e me deixarás reduzida a puros ossos?
Porque isso é o que fazem os lobos neste tipo de contos.
- Péssima pergunta – disse o lobo. – Terás que confiar na minha palavra.
E o lobo redobrou os seus uivos e lamentos.
Ai, ai, ai!
Só há uma pergunta que merece a pena fazer formosa donzela… Onde está a alma?
- Oh lobo, vou correr o risco! Vamos lá!
Abriu a armadilha, o lobo tirou a pata e ela envolveu-lha com ervas medicinais e outras plantas.
- Oh obrigado, doce donzela, mil obrigados – disse o lobo lançando um suspiro.
Mas como tinha lido demasiados contos que não devia, ela exclamou:
- Bom, agora podes matar-me, anda, terminemos tudo rápido.
Mas não foi isso que aconteceu. Em vez disso, o lobo estendeu a pata e apoiou-a no braço dela.
- Sou um lobo de outros tempos e lugar – disse. E arrancando uma pestana do olho entregou-lha dizendo: - Usa-a e procura ser sábia. De agora em diante saberás quem é bom e quem não o é tanto. Olha através do meu olho e verás tudo com claridade.
Por deixar-me viver te ofereço viver como nunca viveste na tua vida. Recorda que só há uma pergunta que merece a pena fazer, formosa donzela… Onde está a alma?

E assim a donzela regressou à aldeia alegrando-se por estar viva. E esta vez quando eles lhe disseram, “Fica aqui e casa-te comigo”, ou “Faz o que te digo”, ou “Diz o que eu quero que digas, mas que tudo fique em segredo como o dia em que chegaste”, a donzela agarrou a pestana do lobo olhou através dela e viu os seus motivos tal como nunca os tinha visto. E a vez em que o talhante pesou a carne ela olhou através da pestana do lobo e viu que pesava também o seu polegar.
E olhou para o pretendente que lhe dizia “ Sou aquele que te convém” e viu que não lhe convinha para nada.
E desta maneira e muitas mais salvou-se não de todas mas sim de muitas desgraças.

Mas além disso com esta nova visão, não só viu o astuto e o cruel mas também o coração dela se tornou imensamente grande, pois olhava as pessoas e voltava a calibrá-las graças ao dom que lhe tinha outorgado o lobo que ela tinha salvo.
E viu os que eram verdadeiramente bons e aproximou-se deles, encontrou o seu companheiro e permaneceu a seu lado todos os dias da sua vida, percebeu os valorosos e aproximou-se deles, captou os fiéis e uniu-se a eles, viu a perplexidade por debaixo da cólera e apressou-se a dissipa-la, viu o amor com os olhos dos tímidos e inclinou-se para eles, viu sofrimento nos calados e cortejou o seu riso, viu necessidade no homem sem palavras e falou-lhe, viu fé no mais fundo da mulher que afirmava não a ter e voltou a acender-lha com a sua.
Viu todas as coisas com a pestana do lobo, todas as coisas verdadeiras e todas as coisas falsas, todas as coisas que iam contra a vida, e todas as coisas que iam a favor da vida, todas as coisas que só podiam ver-se através dos olhos de aquele que pesa o coração com o coração e não só com a mente.
Assim descobriu que era verdade o que dizem, que o lobo é a mais sabia das criaturas. Se prestas atenção, o lobo quando uiva faz sempre a pergunta mais importante, não onde está o alimento mais próximo, a luta mais próxima ou a dança mais próxima, mas sim a pergunta mais importante para ver dentro e por detrás, para pesar o valor de tudo o que vive… Onde está a alma? Onde está a alma? Onde está a alma?
Vai ao bosque, vai depressa. Se não fores ao bosque nunca acontecerá nada e a tua vida jamais começará… Vai ao bosque, vai depressa…
História de Clarissa P. Estes
Fotografia gentilmente cedida por Simão Carvalho

sexta-feira, julho 01, 2005

Hau Gotzonezat da:


Ametsetako Etxea

Bart zurekin egin nuen amets. Etxera zentozela amets egin dut.
Etxea gauzaz beteta dago. Gela xumea zen. Oso polita da erosi duzun etxea.
Erabaki hori zein arin hartu duzun harrituta nago. Maitasun-begirada.
Zu bezala bizi nahi dut. Barrea etxe guztian entzun zen.
Gauzak ez ziren espero genuen moduan gertatu
Aztiak printzea sorgindu egin zuen. Bidea erakutsi zioten. Auskalo non!
Argindarra joan da. Eguzkiaren argia. Iluntzeko freskuran etzan ginen.
- Izadian nagoenean zoriontsu sentitzen naiz.
Irribarre gozoa.
Zure laguna eztia eta adeitsua da.
Zorioneko eguna izan zen. Luzaroan zoriontsu izan ziren.

Adelaide-en ipuinak
(Beti ele-meletan denbora galtzen) :)