quarta-feira, dezembro 28, 2005
Livraria Arco-íris
Há muitos critérios para a arrumação de uma estante de livros esta parece-me uma das mais bonitas...
"Even though there is so much to be unhappy about in this world, we should try to create something amazing and beautiful and interesting despite all of the problems." Chris Cobb
quinta-feira, dezembro 22, 2005
Flocos de neve
Das experiências mais bonitas que se pode ter durante o Inverno é ver nevar e andar a passear na neve. Dá-me a impressão que os flocos de neve provocam uma sensação calmante nas pessoas. Andava há algum tempo a tentar fazer uns flocos de neve em papel. E de repente tropeço neste e neste site e fiquei encantada. E foi aqui que aprendi a fazê-los em papel. E depois descobri este artista que faz coisas em papel lindissimas!! As fotografias são dele.
sexta-feira, novembro 18, 2005
O armário da minha avó
quarta-feira, novembro 16, 2005
Love is all around
Há filmes que apetecem ver particularmente pela banda sonora. A história também promete preencher um bocadinho os corações que são do tipo "ovo kinder" ;)
terça-feira, novembro 15, 2005
Never give all the love
Never give all the heart, for love
Will hardly seem worth thinking of
To passionate women if it seem
Certain, and they never dream
That it fades out from kiss to kiss;
For everything that’s lovely is
But a brief, dreamy. Kind delight.
O never give the heart outright,
For they, for all smooth lips can say,
Have given their hearts up to the play.
And who could play it well enough
If deaf and dumb and blind with love?
He that made this knows all the cost,
For he gave all his heart and lost.
O poema é de W. B. Yeats
A fotografia é do Alex
quinta-feira, novembro 10, 2005
segunda-feira, outubro 31, 2005
Memória comestível
A sociedade de consumo está cada vez mais aprimorada! E cada vez mais a criatividade salta livremente entre o lado esquerdo e o lado direito do cérebro! Mas esta "memória comestível" está incrivelmente real. Encontrei esta ideia num site muito giro de uma ilustradora dinamarquesa.
quinta-feira, outubro 27, 2005
2ª Primavera
quarta-feira, outubro 19, 2005
Música de Outono
Descobri a música perfeita "The greatest" para o Outono. Apetece estar em casa a beber um chá quentinho, ver através da janela as folhas das árvores a resistirem ao vento e deixar-me embalar nos sonhos com os quais se faz a vida.
A vinca (a flor da foto) não está propriamente em flor nesta altura do ano. Mas é mesmo a flor que mais me faz olhar... para dentro de mim.
quarta-feira, outubro 12, 2005
Excesso de energia nas mãos
segunda-feira, setembro 26, 2005
Primeiro passo
quarta-feira, setembro 14, 2005
Apicultura para principiantes - Parte I
Ontem no Café-concerto tive a contar à Anabela e à Cesaldina algumas coisitas sobre apicultura: como se divide uma colmeia, o que são as alças, os quadros, onde fazem as abelhas o mel, como se retira o mel das colmeias, etc... etc... e fui desenhando estes rabiscos na factura do café.
Ainda tenho muito a aprender... mas no contacto com as abelhas o que mais gostei foi conhecer a abelha-soldado de cada colmeia que se pôs mesmo à frente dos meus olhos a bater as asas com ar chateado e a querer dizer..."Menina, estou de olho em ti!"
segunda-feira, setembro 12, 2005
Os tubarões e os peixinhos
"- Se os tubarões fossem pessoas – perguntou a menina ao senhor K – portavam-se melhor com os peixinhos?
- Claro – disse ele – Se fossem pessoas construíam no mar umas caixas enormes para os peixinhos, com todo o tipo de alimentos no seu interior, e encarregavam-se de que as caixas tivessem sempre água fresca e adoptariam todo o tipo de medidas sanitárias. Se, por exemplo, um peixinho se magoasse numa barbatana, punham-lhe imediatamente uma ligadura para que não morresse antes do tempo (…). Naturalmente, haveria escolas. Nelas os peixinhos aprenderiam a nadar até às bocas dos tubarões, ensinava-se-lhes que para um peixinho não há nada mais grandioso e mais belo do que entregar-se com alegria aos tubarões (…) Se os tubarões fossem pessoas também cultivariam a arte, claro está. Pintariam lindos quadros, de belas cores, das dentaduras de tubarão (…) Também não faltaria a religião. Ela ensinaria que a verdadeira vida de peixinho começa na barriga dos tubarões. E se os tubarões fossem pessoas, os peixinhos deixariam de ser, como o tem sido até agora, todos iguais. Alguns obteriam cargos e seriam colocados por cima dos outros. Permitia-se que os maiores comessem os mais pequenos. Isso seria na verdade proveitoso para os tubarões, uma vez que assim teriam mais frequentemente bocados maiores e mais apetitosos para engolir (…) Em poucas palavras, se os tubarões fossem pessoas, no mar só havia cultura."
Bertolt Brecht
- Claro – disse ele – Se fossem pessoas construíam no mar umas caixas enormes para os peixinhos, com todo o tipo de alimentos no seu interior, e encarregavam-se de que as caixas tivessem sempre água fresca e adoptariam todo o tipo de medidas sanitárias. Se, por exemplo, um peixinho se magoasse numa barbatana, punham-lhe imediatamente uma ligadura para que não morresse antes do tempo (…). Naturalmente, haveria escolas. Nelas os peixinhos aprenderiam a nadar até às bocas dos tubarões, ensinava-se-lhes que para um peixinho não há nada mais grandioso e mais belo do que entregar-se com alegria aos tubarões (…) Se os tubarões fossem pessoas também cultivariam a arte, claro está. Pintariam lindos quadros, de belas cores, das dentaduras de tubarão (…) Também não faltaria a religião. Ela ensinaria que a verdadeira vida de peixinho começa na barriga dos tubarões. E se os tubarões fossem pessoas, os peixinhos deixariam de ser, como o tem sido até agora, todos iguais. Alguns obteriam cargos e seriam colocados por cima dos outros. Permitia-se que os maiores comessem os mais pequenos. Isso seria na verdade proveitoso para os tubarões, uma vez que assim teriam mais frequentemente bocados maiores e mais apetitosos para engolir (…) Em poucas palavras, se os tubarões fossem pessoas, no mar só havia cultura."
Bertolt Brecht
Voilá!!
sexta-feira, agosto 26, 2005
Botas de cowboy coloridas
Há uns anos odiava este tipo de botas (e ainda odeio)!! E dizia que nunca sairia com um rapaz com tais botas!!! Pois é!! "Nunca digas desta água não beberei." Dizia a minha tia. E com razão porque há uns anos encontrei-me com um rapaz num café com umas botas de cowboy e quando o vi com elas apeteceu-me fugir!
Para mal dos meus pecados eis que voltam... pela força da moda! Estas até seria capaz de dizer que são bonitas e é melhor não dizer "nunca" outra vez... senão ainda me arrependo! :)
Para quem as adore... porque há gostos para tudo aqui está o site onde se vendem.
quarta-feira, agosto 24, 2005
Inspiração S. Jean de Luz
quarta-feira, agosto 10, 2005
Almoço em Cardeñadijo - Burgos
Quando organizava a contabilidade do projecto encontrei uma factura com "El trasgu". O almoço foi muito bom com Pulpo à la feria, Tabla de quesos (exquisitos ou seja muito bons), Plancha sepia, Revueltos, Cecina, Solomillo, Chuleton y Postre de la abuela!
Mas tive de trazer para casa a história del Trasgu!! :)
" Con su gorru rojo, el trasgu travieso, se mete en las casas, hurga entre los potes revuelve las cosas, o las recoloca y además del ruido que hace por las noches, se come los dulces, se bebe la leche,... pero los perjuicios nunca son muy graves. Solo puede echársele poniendo semillas de lino en el suelo para que este duende, al querer cogerlas, sin poder hacerlo dado el agujero de su mano izquierda, muerto de verguenza abandone la casa."
quinta-feira, agosto 04, 2005
Permacultura
Aqui está um pequeno relatório de um curso que me carregou as baterias da energia e da imaginação.
quinta-feira, julho 28, 2005
sexta-feira, julho 15, 2005
A "Arca de Noé"
Durante os ultimos anos foram entrando na "Arca" catrefada de bicharada que passo a enumerar:
gato, cão, sapos-bébés, tritões-bébés, cobra-bébé, salamandra, osgas, escorpião (vulgo lacrau), centopeia, borboleta diurna, borboletas nocturnas, traças, besouros (várias espécies), caruncho (bicho da madeira), aranhas (centenas delas), rato, libelinha, melgas (dezenas delas), formigas (milhares delas), e o ultimo mas não menos surpreendente... morcego.
E depois perguntam-me se não tenho medo de viver sozinha!!! Que ideia! :)
gato, cão, sapos-bébés, tritões-bébés, cobra-bébé, salamandra, osgas, escorpião (vulgo lacrau), centopeia, borboleta diurna, borboletas nocturnas, traças, besouros (várias espécies), caruncho (bicho da madeira), aranhas (centenas delas), rato, libelinha, melgas (dezenas delas), formigas (milhares delas), e o ultimo mas não menos surpreendente... morcego.
E depois perguntam-me se não tenho medo de viver sozinha!!! Que ideia! :)
terça-feira, julho 12, 2005
*
segunda-feira, julho 11, 2005
o que é a história?
A história é um anjo a ser soprado para trás, para o futuro e há um monte de ruínas aos seus pés. E o anjo quer voltar atrás para compor coisas, para reparar as coisas partidas. Mas há uma tempestade que sopra do paraíso e a tempestade continua a soprar o anjo para trás em direcção ao futuro. Esta tempestade chama-se progresso.
(Alegoria de Walter Benjamim sobre Angelus Novus - Paul Klee)
terça-feira, julho 05, 2005
Capuchinho vermelho dos tempos modernos - para a Anabela
A pestana do lobo
Se não fores ao bosque nunca acontecerá nada e a tua vida jamais começará
- Não vás ao bosque, não vás – disseram eles.
- Porque não? Porque não posso ir ao bosque esta noite? – perguntou ela.
- No bosque vive um lobo enorme que come pessoas como tu. Não vás ao bosque, não vás ao bosque por nada.
Mas, naturalmente, ela foi ao bosque e como era de esperar, encontrou o Lobo, tal como eles lhe tinham advertido.
- Vês? Já te tínhamos avisado – grasnaram.
- Esta é a minha vida, não é um conto de fadas, tontos – replicou ela. - Tenho de ir ao bosque e encontrar-me com o lobo senão a minha vida jamais poderá começar.
Mas o lobo que ela encontrou tinha caído numa armadilha, e tinha a pata presa.
- Socorro, ajuda! Ai, ai, ai! – gritava o lobo. – Socorro ajuda-me e dar-te-ei a justa recompensa! – acrescentou.
- E como sei que não me vais fazer mal? – perguntou-lhe ela, porque a sua missão era fazer perguntas. – Como sei eu que não me matarás e me deixarás reduzida a puros ossos?
Porque isso é o que fazem os lobos neste tipo de contos.
- Péssima pergunta – disse o lobo. – Terás que confiar na minha palavra.
E o lobo redobrou os seus uivos e lamentos.
Ai, ai, ai!
Só há uma pergunta que merece a pena fazer formosa donzela… Onde está a alma?
- Oh lobo, vou correr o risco! Vamos lá!
Abriu a armadilha, o lobo tirou a pata e ela envolveu-lha com ervas medicinais e outras plantas.
- Oh obrigado, doce donzela, mil obrigados – disse o lobo lançando um suspiro.
Mas como tinha lido demasiados contos que não devia, ela exclamou:
- Bom, agora podes matar-me, anda, terminemos tudo rápido.
Mas não foi isso que aconteceu. Em vez disso, o lobo estendeu a pata e apoiou-a no braço dela.
- Sou um lobo de outros tempos e lugar – disse. E arrancando uma pestana do olho entregou-lha dizendo: - Usa-a e procura ser sábia. De agora em diante saberás quem é bom e quem não o é tanto. Olha através do meu olho e verás tudo com claridade.
Por deixar-me viver te ofereço viver como nunca viveste na tua vida. Recorda que só há uma pergunta que merece a pena fazer, formosa donzela… Onde está a alma?
E assim a donzela regressou à aldeia alegrando-se por estar viva. E esta vez quando eles lhe disseram, “Fica aqui e casa-te comigo”, ou “Faz o que te digo”, ou “Diz o que eu quero que digas, mas que tudo fique em segredo como o dia em que chegaste”, a donzela agarrou a pestana do lobo olhou através dela e viu os seus motivos tal como nunca os tinha visto. E a vez em que o talhante pesou a carne ela olhou através da pestana do lobo e viu que pesava também o seu polegar.
E olhou para o pretendente que lhe dizia “ Sou aquele que te convém” e viu que não lhe convinha para nada.
E desta maneira e muitas mais salvou-se não de todas mas sim de muitas desgraças.
Mas além disso com esta nova visão, não só viu o astuto e o cruel mas também o coração dela se tornou imensamente grande, pois olhava as pessoas e voltava a calibrá-las graças ao dom que lhe tinha outorgado o lobo que ela tinha salvo.
E viu os que eram verdadeiramente bons e aproximou-se deles, encontrou o seu companheiro e permaneceu a seu lado todos os dias da sua vida, percebeu os valorosos e aproximou-se deles, captou os fiéis e uniu-se a eles, viu a perplexidade por debaixo da cólera e apressou-se a dissipa-la, viu o amor com os olhos dos tímidos e inclinou-se para eles, viu sofrimento nos calados e cortejou o seu riso, viu necessidade no homem sem palavras e falou-lhe, viu fé no mais fundo da mulher que afirmava não a ter e voltou a acender-lha com a sua.
Viu todas as coisas com a pestana do lobo, todas as coisas verdadeiras e todas as coisas falsas, todas as coisas que iam contra a vida, e todas as coisas que iam a favor da vida, todas as coisas que só podiam ver-se através dos olhos de aquele que pesa o coração com o coração e não só com a mente.
Assim descobriu que era verdade o que dizem, que o lobo é a mais sabia das criaturas. Se prestas atenção, o lobo quando uiva faz sempre a pergunta mais importante, não onde está o alimento mais próximo, a luta mais próxima ou a dança mais próxima, mas sim a pergunta mais importante para ver dentro e por detrás, para pesar o valor de tudo o que vive… Onde está a alma? Onde está a alma? Onde está a alma?
Vai ao bosque, vai depressa. Se não fores ao bosque nunca acontecerá nada e a tua vida jamais começará… Vai ao bosque, vai depressa…
Se não fores ao bosque nunca acontecerá nada e a tua vida jamais começará
- Não vás ao bosque, não vás – disseram eles.
- Porque não? Porque não posso ir ao bosque esta noite? – perguntou ela.
- No bosque vive um lobo enorme que come pessoas como tu. Não vás ao bosque, não vás ao bosque por nada.
Mas, naturalmente, ela foi ao bosque e como era de esperar, encontrou o Lobo, tal como eles lhe tinham advertido.
- Vês? Já te tínhamos avisado – grasnaram.
- Esta é a minha vida, não é um conto de fadas, tontos – replicou ela. - Tenho de ir ao bosque e encontrar-me com o lobo senão a minha vida jamais poderá começar.
Mas o lobo que ela encontrou tinha caído numa armadilha, e tinha a pata presa.
- Socorro, ajuda! Ai, ai, ai! – gritava o lobo. – Socorro ajuda-me e dar-te-ei a justa recompensa! – acrescentou.
- E como sei que não me vais fazer mal? – perguntou-lhe ela, porque a sua missão era fazer perguntas. – Como sei eu que não me matarás e me deixarás reduzida a puros ossos?
Porque isso é o que fazem os lobos neste tipo de contos.
- Péssima pergunta – disse o lobo. – Terás que confiar na minha palavra.
E o lobo redobrou os seus uivos e lamentos.
Ai, ai, ai!
Só há uma pergunta que merece a pena fazer formosa donzela… Onde está a alma?
- Oh lobo, vou correr o risco! Vamos lá!
Abriu a armadilha, o lobo tirou a pata e ela envolveu-lha com ervas medicinais e outras plantas.
- Oh obrigado, doce donzela, mil obrigados – disse o lobo lançando um suspiro.
Mas como tinha lido demasiados contos que não devia, ela exclamou:
- Bom, agora podes matar-me, anda, terminemos tudo rápido.
Mas não foi isso que aconteceu. Em vez disso, o lobo estendeu a pata e apoiou-a no braço dela.
- Sou um lobo de outros tempos e lugar – disse. E arrancando uma pestana do olho entregou-lha dizendo: - Usa-a e procura ser sábia. De agora em diante saberás quem é bom e quem não o é tanto. Olha através do meu olho e verás tudo com claridade.
Por deixar-me viver te ofereço viver como nunca viveste na tua vida. Recorda que só há uma pergunta que merece a pena fazer, formosa donzela… Onde está a alma?
E assim a donzela regressou à aldeia alegrando-se por estar viva. E esta vez quando eles lhe disseram, “Fica aqui e casa-te comigo”, ou “Faz o que te digo”, ou “Diz o que eu quero que digas, mas que tudo fique em segredo como o dia em que chegaste”, a donzela agarrou a pestana do lobo olhou através dela e viu os seus motivos tal como nunca os tinha visto. E a vez em que o talhante pesou a carne ela olhou através da pestana do lobo e viu que pesava também o seu polegar.
E olhou para o pretendente que lhe dizia “ Sou aquele que te convém” e viu que não lhe convinha para nada.
E desta maneira e muitas mais salvou-se não de todas mas sim de muitas desgraças.
Mas além disso com esta nova visão, não só viu o astuto e o cruel mas também o coração dela se tornou imensamente grande, pois olhava as pessoas e voltava a calibrá-las graças ao dom que lhe tinha outorgado o lobo que ela tinha salvo.
E viu os que eram verdadeiramente bons e aproximou-se deles, encontrou o seu companheiro e permaneceu a seu lado todos os dias da sua vida, percebeu os valorosos e aproximou-se deles, captou os fiéis e uniu-se a eles, viu a perplexidade por debaixo da cólera e apressou-se a dissipa-la, viu o amor com os olhos dos tímidos e inclinou-se para eles, viu sofrimento nos calados e cortejou o seu riso, viu necessidade no homem sem palavras e falou-lhe, viu fé no mais fundo da mulher que afirmava não a ter e voltou a acender-lha com a sua.
Viu todas as coisas com a pestana do lobo, todas as coisas verdadeiras e todas as coisas falsas, todas as coisas que iam contra a vida, e todas as coisas que iam a favor da vida, todas as coisas que só podiam ver-se através dos olhos de aquele que pesa o coração com o coração e não só com a mente.
Assim descobriu que era verdade o que dizem, que o lobo é a mais sabia das criaturas. Se prestas atenção, o lobo quando uiva faz sempre a pergunta mais importante, não onde está o alimento mais próximo, a luta mais próxima ou a dança mais próxima, mas sim a pergunta mais importante para ver dentro e por detrás, para pesar o valor de tudo o que vive… Onde está a alma? Onde está a alma? Onde está a alma?
Vai ao bosque, vai depressa. Se não fores ao bosque nunca acontecerá nada e a tua vida jamais começará… Vai ao bosque, vai depressa…
História de Clarissa P. Estes
Fotografia gentilmente cedida por Simão Carvalho
sexta-feira, julho 01, 2005
Hau Gotzonezat da:
Ametsetako Etxea
Bart zurekin egin nuen amets. Etxera zentozela amets egin dut.
Etxea gauzaz beteta dago. Gela xumea zen. Oso polita da erosi duzun etxea.
Erabaki hori zein arin hartu duzun harrituta nago. Maitasun-begirada.
Zu bezala bizi nahi dut. Barrea etxe guztian entzun zen.
Gauzak ez ziren espero genuen moduan gertatu
Aztiak printzea sorgindu egin zuen. Bidea erakutsi zioten. Auskalo non!
Argindarra joan da. Eguzkiaren argia. Iluntzeko freskuran etzan ginen.
- Izadian nagoenean zoriontsu sentitzen naiz.
Irribarre gozoa.
Zure laguna eztia eta adeitsua da.
Zorioneko eguna izan zen. Luzaroan zoriontsu izan ziren.
Adelaide-en ipuinak
(Beti ele-meletan denbora galtzen) :)
quarta-feira, junho 29, 2005
História para um rapaz que um dia se sentiu asfixiado com o ar…
Era uma vez… mas podiam ter sido muitas porque o mundo é imenso e ninguém me pode confirmar que foi apenas uma vez que aconteceu. Aliás, tenho mesmo a certeza que foram muitas, muitas mesmo. Mesmo assim…
Era uma vez um castanheiro. Bem, era um castanheiro. Mas também podia ter sido um carvalho. Também podia ter sido um pinheiro. Mas pronto era um castanheiro. É que os castanheiros estão agora em flor. Parecem disfarçados! Passa-se por eles e parecem outros. Verdes e amarelos!
Ora este castanheiro vivia num campo sozinho. Como ali nasceu não se sabe muito bem, nem ele próprio se lembra. Diz a sabedoria do povo que os castanheiros demoram “300 anos a nascer, 300 anos a crescer e 300 anos a morrer”. Se fosse verdade verdadinha o que essa gente diz este castanheiro seria no mínimo 66,66% amnésico. Se calhar era! (Será que amnésia dos castanheiros também se mede por permilagens? Malditas permilagens!)
Ora o problema dele não era estar ali sozinho desamparado, enfrentando raios e trovões, rabanadas de vento e granizo igualzinho a cerejas brancas. O problema dele era não se lembrar da sua longa existência. Se o povo tinha razão a questão era grave… Era muito ano sem memória! Era um castanheiro sem memória! A sua memória apenas continha o mundo que o rodeava. Ele olhava o mundo com o tempo e a paciência de uma árvore adulta, e observava como tudo mudava, tudo! Claro que ele também mudava. Mas nunca se tinha dado conta. É sempre muito mais difícil ver isso! As estrias que lhe moldavam o tronco estavam cada vez mais marcadas. A pontinha do ramo que se estendia rumo ao céu já não estava verde. Aquele ramo retorcido estava oco e abrigava um casal de mochos galegos… Mas ele nem dava por isso. No fundo continuava o mesmo, lá mesmo no seu interior onde a seiva corre mais viva e se dedica a desenhar anéis anuais perfeitos e tão sensíveis e conscientes do mundo exterior. Aí permanecia o mesmo.
Mas como o mesmo?
O que era “o mesmo”? Quem era “o mesmo”? “O mesmo” de sempre? E sempre ia até quando? E quando ia até onde? E o remoinho de perguntas enredou-se tão vertiginosamente que os ouriços começaram a tremer cheios de vertigens, até que o castanheiro se descobriu chegar àquele frágil limite do passado em que quase se deixa de existir.
E de repente lembrou-se! Lembrou-se da terra molhada e fofinha e quentinha de um dia azul quente de Primavera. Aquele dia em que um raio de luz o acordou. Aquele dia em que sentiu que o ar o asfixiava e pela primeira vez… respirou!
Era uma vez um castanheiro. Bem, era um castanheiro. Mas também podia ter sido um carvalho. Também podia ter sido um pinheiro. Mas pronto era um castanheiro. É que os castanheiros estão agora em flor. Parecem disfarçados! Passa-se por eles e parecem outros. Verdes e amarelos!
Ora este castanheiro vivia num campo sozinho. Como ali nasceu não se sabe muito bem, nem ele próprio se lembra. Diz a sabedoria do povo que os castanheiros demoram “300 anos a nascer, 300 anos a crescer e 300 anos a morrer”. Se fosse verdade verdadinha o que essa gente diz este castanheiro seria no mínimo 66,66% amnésico. Se calhar era! (Será que amnésia dos castanheiros também se mede por permilagens? Malditas permilagens!)
Ora o problema dele não era estar ali sozinho desamparado, enfrentando raios e trovões, rabanadas de vento e granizo igualzinho a cerejas brancas. O problema dele era não se lembrar da sua longa existência. Se o povo tinha razão a questão era grave… Era muito ano sem memória! Era um castanheiro sem memória! A sua memória apenas continha o mundo que o rodeava. Ele olhava o mundo com o tempo e a paciência de uma árvore adulta, e observava como tudo mudava, tudo! Claro que ele também mudava. Mas nunca se tinha dado conta. É sempre muito mais difícil ver isso! As estrias que lhe moldavam o tronco estavam cada vez mais marcadas. A pontinha do ramo que se estendia rumo ao céu já não estava verde. Aquele ramo retorcido estava oco e abrigava um casal de mochos galegos… Mas ele nem dava por isso. No fundo continuava o mesmo, lá mesmo no seu interior onde a seiva corre mais viva e se dedica a desenhar anéis anuais perfeitos e tão sensíveis e conscientes do mundo exterior. Aí permanecia o mesmo.
Mas como o mesmo?
O que era “o mesmo”? Quem era “o mesmo”? “O mesmo” de sempre? E sempre ia até quando? E quando ia até onde? E o remoinho de perguntas enredou-se tão vertiginosamente que os ouriços começaram a tremer cheios de vertigens, até que o castanheiro se descobriu chegar àquele frágil limite do passado em que quase se deixa de existir.
E de repente lembrou-se! Lembrou-se da terra molhada e fofinha e quentinha de um dia azul quente de Primavera. Aquele dia em que um raio de luz o acordou. Aquele dia em que sentiu que o ar o asfixiava e pela primeira vez… respirou!
segunda-feira, junho 13, 2005
As amoras
O meu país sabe a amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.
Eugénio de Andrade ("O Outro Nome da Terra")
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.
Eugénio de Andrade ("O Outro Nome da Terra")
quinta-feira, junho 09, 2005
O meu planeta
... "Os meus dedos tocando
o teu sorriso,
que, de inverno em inverno,
é nave espacial
emergindo do gelo
para o sol
E eu ficar por ali: tão encostada
ao verso,
carregada de luz
e de outras coisas:
trabalhos a fazer, ritmos lentos
Sem grandes construções,
sem grandes falas,
mas de um pêlo solene de dragão,
e dentro da palavra que é imposta
por esta noite morna,
que me ajuda a compor-te,
que me ajuda de facto
a desesperar:
uma canção de amor.
Descer o teu sorriso e aterrar
em planeta diferente,
onde outras flores com outro nome
nascem,
e as estações são vinte, ou mais
- sensivelmente. "
Ana Luísa Amaral
Imagias
o teu sorriso,
que, de inverno em inverno,
é nave espacial
emergindo do gelo
para o sol
E eu ficar por ali: tão encostada
ao verso,
carregada de luz
e de outras coisas:
trabalhos a fazer, ritmos lentos
Sem grandes construções,
sem grandes falas,
mas de um pêlo solene de dragão,
e dentro da palavra que é imposta
por esta noite morna,
que me ajuda a compor-te,
que me ajuda de facto
a desesperar:
uma canção de amor.
Descer o teu sorriso e aterrar
em planeta diferente,
onde outras flores com outro nome
nascem,
e as estações são vinte, ou mais
- sensivelmente. "
Ana Luísa Amaral
Imagias
sexta-feira, junho 03, 2005
quarta-feira, maio 25, 2005
A...Terra
Aqui está o meu blog, não sei o que vai ser... provavelmente mais um espaço disponivel para eu poder a...Terrar!!!
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